lobo888 -Há muito tempo, as forças de direita no mundo e no Brasil, liberais ou fascistas, se valem do amplo

Dominalobo888 -ção Cultural

Há muito tempo,çãlobo888 - as forças de direita no mundo e no Brasil, liberais ou fascistas, se valem do amplo uso da cultura e das artes para dominação e construção de uma hegemonia ideológica. O termo "guerra cultural" acabou se popularizando no governo Bolsonaro no Brasil para designar seu diário combate a um fantasioso "domínio cultural comunista" formado basicamente por professores, universidades e artistas. O fato é que essa guerra existe, é permanente, mas é empreendida efetivamente pelo capital. Quando falamos desse domínio ideológico, pensamos em grandes filmes de propaganda como Independence Day ou semelhantes. No entanto, o poder dessa ação acontece fundamentalmente na criação de grandes narrativas de vida, na geração de sonhos e desejos, como também de modos de se viver, em larga escala, com uma estrutura robusta e através de múltiplos produtos.

A dominação que o capital exerce culturalmente se dá, no mundo ocidental e no Brasil, em uma dupla frente: trata-se por um lado de criar toda sorte de explicações sobre a vida socioeconômica de suas sociedades, centradas em narrativas de méritos, competências, heroísmos e conquistas, criando estilos de vida, sonhos e projetos - todos intimamente ligados à criação de um mundo de desejos materializados pela forma-mercadoria. E, em outra frente: invisibiliza toda engenharia de dominação que ele exerce na sociedade capitalista: a exploração do trabalho; a mais-valia; a hierarquia social; a miséria fruto da expropriação capitalista; e seu correlato, a acumulação advinda disso. É como se tudo isso não existisse, uma vez que na vida simbólica, esses assuntos inexistiriam. 

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Contudo, como é possível invisibilizar esses instrumentos de dominação, uma vez que não há censura estatal? Por que as pessoas não cantam, filmam ou escrevem artisticamente sobre isso de modo massivo?
A resposta é sobre o método: financiando a cultura que lhe interessa – sendo, por assim dizer, um "empregador" de artistas, e criando na sociedade, a partir disso, uma categoria de artistas bem-sucedidos –, o capital evidencia tudo que não trate desses temas, elevando assim no tecido social os paradigmas a serem seguidos e os assuntos (e as formas) a serem tratados culturalmente. É, pois, através do financiamento e suporte da arte que, no longo prazo, vão se selecionando artistas, temas e estéticas e os colocando em evidência, mas somente aqueles e aquelas que não entram em conflito com o status quo.

É então, através desse fomento à produção artística que o capital atua. Essa dominação é tão alastrada e difundida que se "naturaliza", alcançando seu objetivo máximo: tornar-se imperceptível, possuir uma aparente normalidade e liberdade, tudo para influenciar corações e mentes, de modo invisível.

Praticamente todos os grandes capitalistas, como banqueiros, mineradores, agronegociantes, empresários do comércio e da indústria, exercem seu "poder suave" estabelecendo financiamentos diversos no terreno cultural, em todas as linguagens. Centros culturais do Itaú, teatros Santanders e de Seguradoras Porto Seguro, Serviços Sociais dos empresários do Comércio, da Indústria; Fundações Ford, Inhotim de mineradoras, Fundações Roberto Marinho, Leis Rouanet (que segue estritamente essa mesma lógica), entre muitas outras instituições, derramam milhões (embora ínfima parte perto de seus lucros) na área cultural, distribuindo dinheiro para artistas que eles possuem interesse. Fundamentalmente reforçando assim narrativas liberais e ocultando aquilo que pode ser nocivo à existência de sua natureza exploradora. Tudo isso sob uma aparente liberdade.

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Há no Brasil, com isso, toda uma camada artística, muito respeitável, formada por esses financiamentos. Dos mais eruditos e experimentais até os mais populares. Uma camada que durante anos, teve como única esperança de estabilidade financeira o dinheiro dos empresários e dos banqueiros, e assim, sem perceber, produziu uma cultura que não fala do capital. Em suma, o que todos têm em comum é: não opinam sobre o coração do sistema – seu caráter explorador e sua engenharia de expropriação e dominação. Se opinarem, e principalmente, forem populares nisso, são com o tempo descartados.

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